Qual o impacto da inflação nas empresas?

Nos últimos meses, principalmente durante o último ano, tem-se vindo a falar do impacto da inflação na vida da população, assim como nas empresas. Mas sabe o que isso realmente significa? Fique a par de tudo!

Em que consiste a inflação?

A inflação consiste num aumento dos preços dos bens e serviços, de forma generalizada e contínua, devido a diferentes causas, como a pressão da procura, o aumento dos custos de produção, a desvalorização da moeda ou as políticas monetárias inadequadas.

Por outro lado, a combinação dos efeitos secundários da pandemia causada pelo vírus COVID-19 na economia e da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, vieram aumentar as taxas de inflação mundiais, refletindo-se num aumento generalizado dos preços.

Assim, de forma simplificada, quando a inflação atinge níveis elevados, os preços sobem e o poder de compra da população diminui, levando a uma redução do consumo e do investimento.

Complementarmente, a inflação também traz repercussões negativas às empresas, forçando-as a gerir o aumento dos custos, a manter os preços dos seus produtos e serviços ou a sobreviver a uma queda na procura.

Desta maneira, é importante monitorizar a inflação e adotar políticas e económicas que promovam o controlo da inflação, assim como um ambiente económico saudável e sustentável, quer para a população como para as empresas.

Como medir o nível de inflação?

A inflação em Portugal pode ser medida diretamente pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC), que mede a evolução média dos preços de um cabaz (atualizado regularmente) de bens e serviços, representativos da despesa dos consumidores residentes. A informação é detalhada por classes COICOP e por agregados de bens e serviços.

Em outubro de 2022, a inflação atingiu o pico dos últimos anos em Portugal, com um valor a ultrapassar os 10%. Desde aí, tem vindo a descer e espera-se que estabilize nos próximos meses.

Pode verificar toda esta informação detalhada no Banco de Portugal.

Efeitos da inflação nas empresas

O impacto da inflação nas empresas tem-se vindo a sentir a diferentes níveis, até porque afeta diferentes tipos de negócios de maneiras distintas. Varia de acordo com o respetivo nicho de mercado, concorrência, natureza de produtos ou serviços ou posicionamento da marca.

Por exemplo, empresas de nichos de produtos de primeira necessidade, como as empresas de retalho alimentar (Pingo Doce, Continente, Lidl, Mercadona e entre outros), podem considerar-se menos impactadas pela inflação, no sentido de que em situações de aumento de preços, os consumidores optam por gastar os seus recursos com esse tipo produtos ou serviços.

Assim sendo, a inflação pode ter um impacto significativo sobre as empresas em diferentes áreas, incluindo nos seus custos operacionais, nos preços dos seus produtos ou serviços, na sua rentabilidade, na sua capacidade de investimento e até mesmo na sua competitividade no mercado.

Conheça os principais efeitos da inflação nas empresas!

- Aumento dos custos operacionais

O aumento dos custos operacionais para as empresas é um dos principais efeitos da inflação, uma vez que se os preços dos bens e serviços utilizados aumentarem devido ao aumento da inflação, o custo adicional será inevitável.

Esse aumento nos custos pode-se manifestar em várias áreas, como:

- Matérias-primas;

- Mão de obra;

- Energia;

- Impostos;

- Despesas operacionais, como custos de eletricidade, água, internet, gás e telefone.

Mesmo que uma empresa opere exclusivamente no comércio eletrónico (e-commerce), deve também considerar um aumento de custos devido à inflação, nomeadamente ao nível dos serviços de transporte e entregas ao domicílio.

- Taxas de câmbio

A inflação pode ter um efeito significativo sobre empresas que operam em mercados internacionais, afetando tanto a taxa de câmbio como a economia em geral.

Por exemplo, se a moeda de um país desvalorizar devido à inflação, as empresas que importam produtos e serviços podem ter que lidar com um aumento significativo nos custos.

Por outro lado, empresas que exportam podem beneficiar deste cenário, já que a desvalorização torna os seus produtos mais competitivos no mercado internacional.

- Negociação com fornecedores

A inflação pode afetar a relação com os fornecedores e o poder de negociação entre ambos, especialmente quando há aumento nos preços das matérias-primas e quando não existem ou existem poucos concorrentes. Isso pode resultar em maiores custos de produção e de aquisição de produtos.

Portanto, é recomendável monitorizar o mercado para encontrar novos parceiros comerciais e não depender apenas de um único fornecedor.

Este tipo de estratégia não só protege a empresa contra as flutuações inflacionárias como lhe permitem avaliar constantemente o mercado, de maneira a garantir produtos de melhor qualidade.

- Problemas com colaboradores

A relação com os seus colaboradores também é afetada com o aumento da inflação.

Dando um exemplo prático: quanto menor for o lucro, maior é a probabilidade da organização ter dificuldades em fazer aumentos salariais ou atribuir prémios. Este tipo de situações são bastantes desmotivadoras para os colaboradores, o que pode trazer vários problemas na gestão de recursos humanos.

Como tal, recomendamos que se foque na eficiência das suas equipas e invista no recrutamento de pessoas, de forma estratégica. Além disso, é crucial manter uma comunicação transparente com os colaboradores, atualizando-os relativamente à situação financeira da empresa.

- Financiamento e investimento

A rentabilidade e a capacidade de investimento e financiamento das empresas também podem ser afetadas pela inflação: se a inflação for alta, as taxas de juros podem ser elevadas, dificultando o acesso a financiamento. Em contrapartida, se a inflação for baixa, os juros podem ser menores, facilitando o financiamento.

Essa condição pode influenciar as decisões de investimento das empresas, exigindo um maior planeamento financeiro.

Para concluir, a inflação pode afetar empresas a vários níveis. Empresas que possuem custos operacionais variáveis, que atuam em mercados internacionais ou que dependem de financiamento externo são especialmente vulneráveis.

Além disso, a habilidade da empresa em lidar com a influência da inflação dependerá de sua gestão financeira e do respetivo modelo de negócio.

Como minimizar os efeitos da inflação?

Se uma das consequências da inflação é a quebra nas vendas, uma das soluções é estimular a compra, de forma estratégica e criativa.

Existem várias estratégias e ideias criativas que podem ser implementadas para estimular as vendas em períodos de inflação, nomeadamente a partir de:

• Promoções e descontos;

• Ações de fidelização:

• Customização de produtos ou serviços;

• Investimento em marketing;

• Investimento em tecnologia (aplicações móveis, chatbots e realidade aumentada são algumas das tecnologias que podem ser utilizadas para melhorar a experiência do cliente e estimular a compra);

• Parcerias estratégicas, nomeadamente com entidades de financiamento para os consumidores.

Outra estratégia pode passar por procurar atingir uma maior eficiência operacional, reduzindo gastos não essenciais e otimizando os processos de produção.

Além disso, pode procurar fornecedores com preços mais competitivos, reduzir stocks ou até mesmo mudar a variedade de produtos oferecidos, optando pelos mais estratégicos, que tenham uma maior margem ou uma maior procura.

Por falar em stock, investir em tecnologias que facilitem a gestão de stocks e da faturação pode trazer benefícios significativos em termos de eficiência, assim como a redução de custos através da emissão, organização, assinatura e envio de faturas de forma eletrónica, eliminando os custos associados ao papel, impressão, envio de correspondência ou mesmo armazenamento de artigos.

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Por fim, é importante destacar que a inflação tem um impacto negativo no conjunto da economia, já que afeta não só as empresas, mas também o poder de compra dos consumidores e a estabilidade financeira do país.

Por isso, cabe também às empresas atuarem em conjunto com entidades representativas dos seus setores e promoverem um diálogo construtivo com o Governo, de modo a encontrar soluções mais amplas para o problema.